quarta-feira, 11 de julho de 2012

TRAJETÓRIA DE DOM EUGÊNIO DEU BONS FRUTOS PARA A IGREJA, DIZ CNBB

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta terça-feira, 10, uma nota de pesar pela morte do Cardeal Eugênio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro. O secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, manifesta solidariedade com o povo e com os familiares do cardeal, particularmente com seu irmão, Dom Heitor de Araújo Sales, arcebispo emérito de Natal (RN).

Na nota, a CNBB agradece a Deus pela trajetória de Dom Eugênio, "cheia de frutos para a vida da Igreja e do povo". "Dom Eugênio foi uma permanente referência da Igreja nos momentos mais significativos da vida social e política no Brasil. Ele jamais se recusou a dar sua palavra firme, ortodoxa, clara a respeito dos mais importantes princípios da vida moral tanto da pessoa quanto da sociedade", destaca.

Por fim, Dom Leonardo enfatiza que "nossa oração nos consola na certeza de sua páscoa [de Dom Eugênio] e na esperança de que esse nosso irmão compartilhava da convicção que nos foi deixada pelo apóstolo de que a 'a coroa da justiça' está reservada para ele pelo Senhor, o justo juiz, que dará essa coroa, não somente a ele, 'mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação' ( 2Tm 4,8)".

O corpo do mais antigo Cardeal da Igreja Católica chegou à Catedral de São Sebastião, no Rio de Janeiro, às 12h desta terça-feira, 10, onde acontece o velório com Missas de duas em duas horas. Nesta quarta-feira, 11, o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, presidirá a Missa Exequial às 15h, seguida do sepultamento na cripta da mesma Catedral. *A Missa será transmitida ao vivo pela TV Canção Nova

Leia abaixo a nota na íntegra:

A Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) recebe, com profundo pesar, a notícia da morte do Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro (RJ), ocorrida no final da noite desta segunda-feira, 9 de julho de 2012.

Dom Eugênio é uma verdadeira página da história da Igreja no Brasil. Seu caminho de vida percorrido como padre e bispo está associado aos marcos do trajeto feito pela comunidade dos discípulos missionários de Cristo neste país. Ordenado padre em 1943, desempenhou trabalho pastoral na então diocese de Natal (RN) onde veio a ser bispo auxiliar da já arquidiocese de Natal, em 1954, por nomeação do Papa Pio XII.

Nomeado como arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, em 1968, criado Cardeal no Consistório de 1969, Dom Eugênio ficou na Bahia até ser transferido pelo Papa Paulo VI para a arquidiocese do Rio de Janeiro, em 1971, lugar onde exerceu seu pastoreio até a renúncia aceita pelo Papa João Paulo II, em 2001.

Inspirado pelo seu lema episcopal, “Impendam et Superimpendar” (alusão a 2Cor 12, 15: “Quanto a mim, de muito boa vontade gastarei o que for preciso e me gastarei inteiramente por vós”), Dom Eugênio foi Padre Conciliar do Vaticano II, criador da Campanha da Fraternidade e também apoiou o Movimento de Educação de Base e as Comunidades Eclesiais de Base.

Homem de vasta cultura, sempre teve admiração por parte da sociedade brasileira. Por tudo isso e pela sua expressão de pastor, Dom Eugênio foi uma permanente referência da Igreja nos momentos mais significativos da vida social e política no Brasil. Ele jamais se recusou a dar sua palavra firme, ortodoxa, clara a respeito dos mais importantes princípios da vida moral tanto da pessoa quanto da sociedade.

Era um comunicador que chegava, com facilidade, ao entendimento da opinião pública, mesmo depois de se tornar arcebispo emérito do Rio de Janeiro, Dom Eugênio manteve publicação regular de seus textos em um blog na internet.

Recentemente, por ocasião da Páscoa deste 2012, ele mesmo determinou que seria publicado um último artigo no qual ele escreveu: “Ao passo que a alegria, presságio do transcendente, faz-nos sentir algo superior às experiências comuns, ela, todavia, acorda em nós o mais próprio, o mais íntimo de nós mesmos. Será que não está inscrita na experiência pura e honesta da alegria uma tênue e todavia forte certeza de que a mais profunda realidade de nosso ser é imagem do eterno? Este estado de alma é como uma atmosfera jubilosa de nossa mente, que se reflete em nossos sentimentos e que se irradia em nossos relacionamentos humanos”.

Despedimos-nos de Dom Eugênio com este sentimento que ele antevia em sua reflexão, isto é, com “presságio de transcendência”. Agradecemos a Deus pela sua caminhada cheia de frutos para a vida da Igreja e do povo e nos solidarizamos com seus familiares, especialmente com seu irmão Dom Heitor Araújo Sales, arcebispo emérito de Natal, com a arquidiocese do Rio de Janeiro e com Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro.

Nossa oração nos consola na certeza de sua páscoa e na esperança de que esse nosso irmão compartilhava da convicção que nos foi deixada pelo apóstolo de que a “a coroa da justiça” está reservada para ele pelo Senhor, o justo juiz, que dará essa coroa, “não somente a ele, “mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação”( 2 Tm 4,8).

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB