11ª SEMANA COMUM
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 19“Não junteis
tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e os ladrões
assaltam e roubam. 20Ao contrário, juntai para vós tesouros no céu,
onde nem a traça e a ferrugem destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. 21Porque,
onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
22O olho é a lâmpada do corpo. Se o teu olho é sadio, todo o teu corpo
ficará iluminado. 23Se o teu olho está doente, todo o corpo ficará
na escuridão. Ora, se a luz que existe em ti é escuridão, como será grande a
escuridão.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário
Continuamos nossa reflexão sobre as
bem-aventuranças. O Evangelho de hoje nos faz duas recomendações sobre como
devemos nos relacionar e usar os bens materiais.
Nos quarenta anos de deserto, o povo foi provado
para ver se era capaz de observar a lei de Deus (Êxodo 16,4). A prova consistia
na capacidade de recolher só o necessário de maná para cada dia, e não
acumulá-lo para o dia seguinte.
Hoje, nessa mesma linha, Jesus nos diz: “Não
acumuleis riquezas aqui na terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde
os ladrões arrombam e roubam” (Mateus 6,19).
O que significa acumular tesouros no céu? Trata-se
de saber de onde viemos, o que fazemos aqui na terra e para onde vamos. Descobrir
qual o fundamento da nossa existência e, nela, colocar a nossa confiança. Se a
depositarmos nos bens materiais desta terra, sempre correremos o risco de
perder o que acumulamos. Porém, se eles forem depositados em Deus, ninguém
vai poder destruí-los e teremos a liberdade interior de partilhar com os outros
os bens que possuímos.
Para que isto seja possível e visível, é importante
que criemos uma convivência comunitária, a qual favoreça a partilha e a ajuda
mútua, e na qual a maior riqueza ou tesouro não será a material, mas sim da
convivência fraterna, nascida a partir da certeza trazida por Jesus de que Deus
é o meu Pai e de todos. E se Ele é nosso Pai, todos nós somos irmãos.
A lâmpada do corpo são nossos olhos, pois,
como disse Jesus, “os olhos são como uma luz para o corpo”. Mas para
entender o que Ele nos pede é necessário ter “olhos novos”. O Senhor é exigente
e nos pede para não acumularmos riquezas nem não servir a Deus e ao dinheiro ao
mesmo tempo. Estas recomendações tratam daquela parte da vida humana, na qual
as pessoas têm mais angústias e preocupações. É urgente que tenhamos olhos
lúcidos, porque, se eles estiverem doentes, todo nosso corpo estará também
debilitado.
Na realidade, a pior doença que podemos imaginar é
quando uma pessoa se fecha sobre si mesma, sobre seus bens e confia só neles. É
a doença da tibieza, da mesquinhez. Quem olha a vida com esse olhar vive na
tristeza e na escuridão. O remédio para curar esta doença é a conversão, a
mudança de mentalidade e de ideologia. Colocando o fundamento da vida em Deus,
o olhar se torna generoso e a vida toda se torna luminosa, pois faz nascer a
partilha e a fraternidade.
Jesus quer uma mudança radical, quer que vivamos
como Deus. A imitação do Senhor nos leva à partilha justa dos bens e ao amor
criativo, aquele que gera fraternidade verdadeira.
“Onde está sua riqueza, aí estará o seu coração.”
Onde estão as nossas riqueza? Muitas pessoas idolatram o marido, a esposa, os
filhos ou parentes, colocando-os acima de Deus. Outras colocam, em primeiro
lugar, o dinheiro, os bens matérias, mas relegam para o segundo – ou o último
lugar – Deus e a família. Esquecem-se de que é no Senhor e no amor ao próximo
que está a fonte da vida.
Meu irmão, minha irmã, a vocês me dirijo e lhes
pergunto: “Que luz vocês têm como referência? Para onde direcionam os seus
olhos? Para as coisas do mundo ou para o Círio Pascal, fonte da luz sem ocaso?
Ele é a luz no mundo, quem O segue não se engana nem na vida nem na morte.
Padre Bantu Mendonça