Vinte
anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Rio-92), o Rio de Janeiro volta a ser o ponto de
encontro para lideranças do mundo inteiro e sediará a Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, entre os dias
13 e 22 de junho. Paralelamente a esse grande evento, de 15 a 23 de
junho, acontecerá, no Aterro do Flamengo, a Cúpula dos Povos, numa
oportunidade para tratar dos problemas enfrentados pela humanidade e
demonstrar a força política dos povos organizados. Dentro dessa
perspectiva, a arquidiocese do Rio de Janeiro, bem como a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) marcam presença ao longo do evento
propondo reflexões e debates sobre a integração do homem com o mundo à
sua volta.
A Rio+20 também conta com a participação da Santa Sé, que enviou uma equipe para representar o papa Bento XVI. À frente dessa comitiva está o arcebispo de São Paulo (SP), dom Odilo Pedro Scherer. Para ele, esse será um grande desafio, uma vez que a presença da Santa Sé no evento representa a palavra da Igreja.
“É uma tarefa importante porque eu irei integrar e, ao mesmo tempo,
chefiar a delegação da Santa Sé, que representa a palavra da Igreja, a
posição da Igreja sobre as questões tratadas na Rio+20. No entanto, com
grande honra, porque é a oportunidade de apresentar o pensamento da
Igreja, que tem uma grande autoridade moral no conselho das nações.
Embora o Vaticano seja um Estado pequeno, a sua representatividade é
muito grande e importante no âmbito das nações”, disse o cardeal.
A primeira das atividades será no dia 15 de junho, na Tenda da Paz, no
aterro do Flamengo, onde haverá uma mesa de diálogo sobre meio ambiente e
justiça social.
Dom Odilo ressaltou a forte presença da Santa Sé em eventos promovidos
pelas Nações Unidas e outros órgãos internacionais. “Ela tem se feito
presente através do Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas e
por isso também apresenta a Santa Sé em eventos como este, que é a Rio
+20. “A Igreja tem um pensamento, um olhar próprio sobre todas essas
questões, uma visão sobre o homem, uma visão sobre a economia, cultura,
sobre a vida e assim por diante. Portanto, são oportunidades da Santa
Sé, em nome da Igreja, de estar colocando a posição, a palavra da Igreja
para ajudar a servir e iluminar, e isso faz parte da missão
evangelizadora da Igreja”, concluiu.
Pela primeira vez no Rio de Janeiro e com participação ativa na Rio +
20, o Observador Permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, dom Francis
Chullikatt, tem uma missão importante: destacar a pessoa humana e os
problemas ecológico-sociais dos países mais pobres, que, segundo ele,
muitas vezes não têm voz nas grandes conferências.
Junto com dom Francis, chegaram na última terça-feira, 12 de junho, três
colaboradores: padre Philip J. Bené, padre Justin Wylie e o advogado
Lucas Swanepoel, que já estão participando da 3ª Reunião do Comitê
Preparatório, no qual se reúnem representantes governamentais para
negociações dos documentos a serem adotados na Conferência.
Em entrevista para a WebTV Redentor, dom Francis Chullikatt falou sobre o
papel da Igreja na Rio+20, destacando os três aspectos do
desenvolvimento sustentável: a sustentabilidade econômica, social e
ambiental.
“A Igreja é muito importante no desenvolvimento destes três aspectos.
Relacionado ao aspecto econômico, sabemos que a Igreja Católica sempre
se preocupa com os países pobres. Quando falamos do social, sabemos que a
Igreja é totalmente envolvida no crescimento da situação social do
mundo. O terceiro aspecto, o ecológico, pode-se destacar, aqui no
Brasil, a preocupação com a proteção da Amazônia. Nós cuidamos da
natureza, porque nós católicos acreditamos na preservação”, disse.
O Observador na ONU mostrou-se preocupado em trabalhar durante a
Conferência, principalmente com os países pobres, já que a Rio+20 tem
dois temas centrais: "A economia verde no contexto do desenvolvimento
sustentável e da erradicação da pobreza"; e "A estrutura institucional
para o desenvolvimento sustentável".
“Viemos mostrar especialmente aqueles que não têm voz, especialmente o
povo dos países pobres. Defendemos a humanidade e as pessoas que têm a
vida violentada pelo mundo. Temos que ter essa preocupação para a vida
humana ser preservada”, acrescentou dom Chullikatt.
Fonte: CNBB